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Notícias: Fórum MPHP - Aqui Você tem a palavra! Procure controlar sua ideologia, tanto quanto isto for possível.
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30:08:08:19:35:23
Mário
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Acho que todos que estudam o cristianismo em especial o Jesus Histórico concordam que esta é uma questão crucial e básica para estes estudos.

No entanto, antes de iniciar esta discussão quero focar um pouco numa questão interno do nosso Fórum. Temos tido uma quantidade muito boa de acessos ao Fórum, foram mais de 14.000 em julho e em Agosto deve bater em cerca de 10.000 e temos discussões que já alcançam 3.000 vizualizações. Infelizmente, porém, isto não tem se traduzido em participações e nem em novos membros. No momento, contamos 24 membros. A maioria dos membros que se inscrevem não participam em nenhuma discussão e alguns membros mais antigos também não tem comparecido.

Convoco então Aíla, Gildemar, Brian e Paulo Dias, por exemplo, a participarem das discussões e assim incentivarem os novos, mas se for necessário não hesitarei em ficar apenas em monólogo.

Voltando ao tópico:

Neste cenários existem alguns esquemas, aliás o Gildemar na mensagem #8539 no JesusHistórico indicou um link interessantissimo com um texto de E.P.Sanders sobre isto.

Neste artigo Sanders indica 3 esquemas os quais ele não reconhece nenhum dele como verdadeiro:

Esquema 1: Romanos governavam a Palestina; Os Fariseus controlavam as opiniões religiosas judaicas e determinavam o resultado de qualquer ação legal ou legislativa.
Segundo ele este é um esquema ausente entre os modernos especialistas da questão;

Esquema 2: O mundo de Jesus enfrentava uma severa crise comercial e social que piorava a cada dia. Os Romanos pioravam a situação com taxas adicionais sobre os judeus. Sodados romanos abundavam na Galiléia. Suportam este esquema especialistas como Marcus Borg, Richard Horsley e S. Applebaum.

Esquema 3: Uma visão em frontal contrate com o esquema anterior argumenta que a Galiléia era próspera, urbanizada e cosmopolita e na visão de um dos especialista "A Galileia era o epítome da cultura Helenista". Jesus e seus ouvintes falavam grego, conheciam o teatro grego, estava familizrizados com a filosofia Cínica. Suportam este esquema Richard Batey, John D. Crossan, Gerald Dowing, Howard Kee, Burton Mack, James Strange e muitos outros.

Segundo o prório E.P. Sanders nenhum deste cenários se aproxima da realidade, eles contém alguns poucos acertos, mas muitos erros. Segundo Sanders, os judeus eram fiéis à sua herança e não eram de maneira nenhuma inundados pelas instituições helênicas e costumes pagãos. Alem disto, segundo ele, os judeus da Diáspora seguiam os costumes judaicos, uns poucos compareciam ao teatro e raramente casavam com pagãos e apenas um pequeno número estudava a filosofia grega. Não existia nenhuma evidência de que os judeus na Palestina aceitassem um nível de cultura helenista que os judeus da diáspora evitavam e em contrapartida existe uma grande quantidade de evidência contra: Josefo, Atos e os Evangelhos.

Assim, Sanders se aproximaria de Robert Eisenman sobre a influência Zadoquita sobre Jesus e Tiago e chega aludir sobre a  possibilidade de Tiago ser o Mestre da Retidão da comunidade de Qumram.

Esta é realmente uma questão controversa. No meu estudo sobre Tiago em primeira instãncia estou pesquisando a possibilidade de que Jesus e Tiago tivessem obtido sua formação em Shephoris, aproximando-me do esquema 3.

Acho esta questão de Tiago ser o Mestre da Retidão é incompatível com o fato de que não se encontra referências a Jesus nos documentos da comunidade.

Encomendei recentemente alguns livros sobre estudo arqueológicos em Shephoris e reparei que são de autores identificados por Sanders no esquema 3. Teremos então uma ideologia já definida?

A palavra é dos amigos.
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Mário Porto
 

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3:09:08:00:16:46
Mário
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É parece que por enquanto vai  ficar no monólogo mesmo. Então vamos lá ficam registradas as minhas idéias sobre o assunto e que serão levadas para o livro sobre Tiago.

Estas identificações do Mestre da Retidão e do Sacerdote da Iniquidade feitas por renomados estudiosos me soam bastante bizarras e sem fundamento. Especulações de especialistas como Eisenman é que nos incentivam a entrar nesta de escrever sobre O Jesus Histórico. Nós também podemos, porque não?

Sou mais concorde com a opinião de Geza Vermes segundo a qual não se tem elementos para descobrir quem é o Sacerdote da Iniquuidade e a melhor identificação para o Mestre da Retidão seria Jônatas Macabeu. Aliás não sei porque muitos que se dizem conhecedores não gostam de Vermes. Isto me parece aquele mesmo tipo de hipocrisia que fêz com que a crítica literária demorasse a homenagear Somerset Maugham, ele ganhava dinheiro com sua obra e, portanto, não podia ser literatura.

Eu acho que o grande Eisenman compromete seu trabalho ao afirmar que o Mestre da Retidão era Tiago e o Sacerdote da Iniquidade Paulo. Barbara Thiering, em que pese seu excêntrico método de interpretação dos "pesher" de Qumran é uma renomada especialista nos manuscritos e afirmou que João Batista era o Mestre da Retidão e Jesus o Sacerdote da Iniquidade. Talvez o Tarciso, que conhece bem o trabalho de Thiering, possa nos ajudar nesta interpretação.

Segundo o mesmo Vermes, o pesher de Qumran que significa "interpretação", é uma forma de exegese bíblica que busca determinar o significado de um texto profético já existente apontando para o seu encaixe em pessoas e eventos que pertençam à era do intérpetre. A professora Thiering, por outro lado, inverte a seqüência de cabeça para baixo, e alega que os autores do Novo testamento contruíram a história do evangelho de maneira que a técnica pesher pudesse subsequentemente ser ajustada a ele.

Se alguma das identificações acima fosse verdade seria certo encontramos referências mais claras sobre Jesus e Tiago nos MMM.

Será que continua o monólogo?Hein????
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Abs.
Mário Porto
 

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16:12:08:19:54:36
Gildemar
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Oi Mário,

Fim do monólogo...   Piscar

Aproveitando o tópico para comentar a posição de Hyam Maccoby sobre o contexto sócio-cultural da Palestina no século I, a partir da tradução que você publicou na MPHP em 3 partes:

Bem, Maccoby, de uma forma geral, nos fornece uma perspectiva muito interessante do cenário político da Palestina nos tempos de Jesus: (a) judaísmo dividido entre partidos; (b) alguns partidos são colaboracionistas, outros são inconformistas; (c) O sumo-sacerdote é indicado pelas forças dominantes estrangeiras e pertence a um dos partidos colaboracionistas, os sadoceus do templo; (d) a ala dos incoformistas está dividida em matizes, dos adeptos à revolta militarista até os radicais à espera da intervenção divina; (e) a figura do Messias é vista conforme o posicionamento de cada partido; (f) para colaboracionistas o Messias era apenas uma fantasia dos radicais incoformistas ou uma idéia ameaçadora ao status quo; (h) para os incoformistas o Messias era um líder militar que tomaria o poder de Roma pela força ou aquele que conduziria o povo ao arrependimento preparando a manifestação da intervenção de Deus; (i) Jesus é um dos líderes da ala inconformista; (j) Jesus acreditava ser o Messias com direito de reinar Israel; (k) Jesus tinha o posicionamento de que o Messias iria preparar a manifestação de Deus; e (l) Jesus rejeitava a idéia de uma revolta militar, não se preparava para isso, ao mesmo tempo, se preocupava em cumprir as Escrituras, planejando suas ações com base nestas, como por exemplo a entrada triunfal durante a Festa dos Tabernáculos, ou ainda o local de acampamento no Monte das Oliveiras, onde aguardou intensamente a manifestação de um milagre.

No entanto, vejo alguns problemas, talvez sob a influência das idéias de Sanders e Eisenman:

1) Não se pode confiar na popularidade dos fariseus com base nos escritos de Josefo. Josefo era fariseu e deve-se avaliar se sua descrição dos fariseus não está carregada de propaganda;

2) O partido dos fariseus não era "despossuído", nem destituído de "posição de poder político", nem também indiferentes e alijados de "reconhecimento dos romanos";

3) O partido dos fariseus indicava o líder do Sinédrio, o Nazi de Israel, os quais eram descendentes de Hillel em sua maioria, como foi Gamaliel, nos tempos de Jesus;

4) A partir dos Manuscritos do Mar Morto, se apresenta outra corrente, esta sim com características populares, afastada das elites, os qumranitas, ou zadoquitas, ou sadoceus contrários ao templo, zelosos, e daí chamados zelotas, como identificavam a si mesmos;

5) Josefo também menciona a ala inconformista. Surgida, segundo, ele na época do nascimento de Jesus. Nela identifica os essênios, pacíficos, aqueles que aguardam o messias e a intervenção de Deus, e os zelotas, terroristas, também chamados sicários, responsáveis por incitarem a revolta que causou a destruição de Jerusalém;

Portanto, no cenário dos tempos de Jesus, os fariseus faziam parte da ala colaboracionista, exatamente conforme o cenário apresentado nos Evangelhos, e certamente apoiaram as ações que culminaram na morte de Jesus, bem como apoiaram a perseguição e o assassinato de membros da ala inconformista, em especial os de maior apelo popular.

Foi somente depois da destruição do templo, e da quase totalidade dos revoltosos, que os fariseus assumiram o status que ficou perpetuado nos escritos de Josefo, o status de representantes populares do judaísmo, guias responsáveis pelos rumos do povo judeu.

Foi somente depois da destruição do templo que o judaísmo esboçou a configuração que tem hoje, a partir do judaísmo rabínico, invenção dos fariseus.

Portanto, com a descoberta dos MMM, se descobriu também que a oposição entre o movimento de Jesus e os fariseus não é anacrônica, reflexo dos conflitos entre a Igreja primitiva e as comunidades rabínicas, como se advogou por muito tempo, não, ela faz parte do cenário político próprio dos tempos de Jesus, a oposição entre colaboracionistas, agarrados às suas posições de poder, bem negociadas e em equilíbrio tênue, e inconformistas, na expectativa do momento em que as estruturas de poder vigentes seriam derrubadas.

No cenário de Maccoby, certamente não cabe um Judas Iscariotes, ele tem que ser uma invenção. Já no outro cenário, influenciado pelos MMM, avaliando Josefo mais propriamente, sem esquecer que ele era um fariseu escrevendo depois da destruição de Jerusalém, o personagem Judas Iscariotes encontra seu lugar próprio.

Mencionei Judas Iscariotes porque ele é o grande emblema da bandeira de Maccoby: a afirmação de que os escritos do NT são carregados de propaganda anti-semita.

A verdade é que os escrito do NT são a manifestação de conflitos internos ao próprio povo judeu, do mesmo tipo que se vê na literatura de Qumran.

E é nesse cenário que se deve ver também outros personagens muito importantes: Tiago, o justo, amado do povo; e Paulo, o fariseu assassino que mudou de lado.

É isso. Por enquanto. Aguardo comentários.
« Última modificação: 16:12:08:21:11:03 por Gildemar » Registrado
 

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