Welcome Guest, please login or register.
Username:
Password:

Notícias: Fórum MPHP - Aqui Você tem a palavra! Procure controlar sua ideologia, tanto quanto isto for possível.
Páginas: 1 ... 3 4 [5] 6 7 ... 10
 41 
 : 6:03:08:13:51:49 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Mário

A obviedade deste interesse sobre o Jesus humano é típico do nosso tempo.
Mas as comunidades do primeiro século não eram "humanistas seculares".
Abraços,
Brian


Obrigado Brian pela sua intervenção.
Eu tento me esforçar para compreender e aceitar explicações lúcidas como esta sua, mas acabo sendo remetido à discussão sobre ideologia que estou considerando de importância capital em nosso estudo.
Muito me agradaria ter sua opinião naquele tópico. Alguns conceitos que a Aíla colocou lá têm provocado reflexões interessantes dentro de mim. Algumas delas nem me agradam muito para não dizer que são decepcionantes.

 42 
 : 6:03:08:06:15:17 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por brian_kibuuka
O Sr. Mário afirmou:
Citar
O fato é que Paulo e mesmo outros documentos do NT não poderiam desprezar aspectos do homem Jesus e de sua carreira na terra. Se Paulo estava pregando um homem que era Deus, seus seguidores e convertidos iriam demandar por informações sobre a vida deste homem, seus feitos e ditos. Quisesse ou não Paulo teria que que se esforçar para conhecer informações sobre o Jesus terreno.

Caríssimo Mário,

A obviedade deste interesse sobre o Jesus humano é típico do nosso tempo.

Mas as comunidades do primeiro século não eram "humanistas seculares".

Só para fazer um paralelo: a ausência do líder dos essênios não produz, nas regras da comunidade, nenhuma descrição da sua vida terrena. O que ocorre é o contrário: ele aparece nas menções da esperança apocalíptica no livro "Dos Filhos da Luz Contra os Filhos das Trevas".

Já entre os gentios, os cultos de mistérios eram celebrados para divindades que outrora foram homens, mas nada disto desperta qualquer interesse pela vida terrena dos deuses.

Eu acredito, Mário, que não estamos falando de um contexto de historiadores, de pessoas que dividam bem o religioso e o secular. Estamos falando de um período marcado pelo misticismo e pela devoção, atrelada às inúmeras outras características, algumas das quais conhecidas, outras não.

Mas ainda assim, quero dizer que o silêncio de todo o Novo Testamento (exceto os Evangelhos) sobre o "Jesus Histórico" se deve mais à abrangência do querigma que às tentativas de "acobertamento" do escândalo da morte sem ressureição. Que fique registrado que Paulo TRATA SIM DO JESUS TERRENO, mas este não é o JESUS HISTÓRICO! Na "paradósis", no discurso sobre a ceia de Coríntios 11, no capítulo 15 de Coríntios. Não era necessário falar mais, porque das coisas ocorridas com Jesus os membros das comunidades cristãs "já estavam inteirados", ainda que esta tradição não seja suficiente para reconstituição histórica. Lembremo-nos que esta disciplina chamada "história" não existia. Praticamente nenhum texto da Antigüidade sobreviverá à crítica histórica pelo simples fato de que a história, como a fazemos, não existia.

Portanto, acredito que o silêncio revela duas coisas: que os cristãos conheciam o querigma, e que este querigma não é "história", mas discurso de fé... No querigma há menções aos atos do Jesus terreno, mas o que importa no CONTEXTO não era a vida ou morte em si, mas o significado das mesmas. Se hoje as pessoas querem seguir bons exemplos, com fidedignidade histórica, naquela época era necessário mais: era necessário ter mais do que uma boa estória - a principal exigência era mística. Achar que a religião cristã primitiva e as comunidades circundantes eram como nós, educados após o racionalismo, empirismo e iluminismo, é anacronismo.

Abraços,

Brian

 43 
 : 5:03:08:00:46:18 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Mário
Ok
Suas explicações são sempre muito boas e só tenho que elogiar e agradecer ter o privilégio de ter você aqui neste espaço nos ensinando.

Eu acho que agora vejo esta questão da ideologia com outros olhos. Obrigado.

Mas isto não quer dizer que aceito dispensar você desta resenha, não passe a bola para mim, eu convidei primeiro. Eu não terei imparcialidade, pois já disse que não acredito muito em Paulo e então a minha ideologia vai influenciar mais do que a sua que já deu mostras de isenção em outras ocasiões Sorriso forçado

 44 
 : 4:03:08:21:15:16 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Aíla
Ok vamos tentar entender:
Eu acho que seus exemplos no topo desta citação são muito radicais para o caso que estamos analisando. Estamos falando de alguém, um estudioso do cristianismo, no sec 20 ou 21, relatando o nascedouro desta religião 2000 anos atrás.
Tudo bem que ao se aproximar do tema a ideologia do historiador vai influenciar vários aspectos da abordagem, mas estas diferenças não podem chegar ao ponto provocar um falseamento dos fatos omitindo ou inventando informações a ponto de ser considerado como destruído, pelo Gildemar.

Oi Sr Mário
Bom... os exemplos podem ser muito radicais, contudo, mais radical ainda é tentar defender, na pós-modernidade, o mito da verdade científica. Não estou com isto afirmando que o Sr o defenda, estou dizendo que todos nós temos que vigiar nossas consciências para não cairmos naquilo que mais criticamos, a crença supersticiosa, pois a verdade científica não passa de um mito. Toda verdade científica é provisória, e apenas se sustenta como verdade sob certas condições e sob outras não. Veja o caso do universo subatômico.

Bem, eu nunca disse que houve falseamento dos fatos. Eu até quis conduzir, o tópico que eu criei, com muita leveza, por isso brinquei usando os termos amnésia e modéstia.

Para mim, Maccoby tem apenas uma grande falha. Ele não se pergunta “se” Paulo é um aproveitador e falsário que finge ser judeu fariseu e cria uma nova religião para se dar bem na vida. Não existe, no meu entendimento, o “se” como pressuposto para a pesquisa de Maccoby. Na minha opinião, que pode estar errada, Maccoby parte do pressuposto, ou seja, ele está convicto de que Paulo “é” um gentio e falsário que finge ser judeu e cria uma nova religião para se dar bem na vida. E esse livro de Maccoby que estamos estudando foi escrito para demonstrar essa convicção do autor. Na minha opinião essa é a falha de Maccoby.

Aíla, me desculpe; amnésia ou modestia? Eu entendo que você não quer qualificar como má fé, mas dai a qualificar como amnésia ou modéstia eu não consigo entender qual o receio de apresentar uma crítica mais contundente. Você tem estatura para isto. Eu reitero o pedido para você fazer a resenha deste livro do Maccoby, gostaria muito, mas também gostaria que você desse mais nome aos bois. Se não é má fé é com certeza algo mais do que amnésia ou modéstia.
Como alguém, um estudioso do judaísmo, pode encampar esta idéia? E quais os problemas causados por isso que conduziram às suas ponderações sobre o trabalho dele?
Quanto aos termos amnésia e modéstia... bem pensei que os emoticons ao lado desses termo pudessem passar a leveza em tratar assuntos polêmicos... não pensei que esses termos fossem tomados de forma literal.
Minha única crítica a Maccoby, que evitei expressar logo de cara, é essa falha que detectei e postei acima. Evitei expressa-la para não influenciar os leitores desse fórum. Queria que cada um pensasse por si mesmo. Queria dar as informações que Maccoby não deu e deixar que o leitor concluísse que Maccoby tinha uma falha no pressuposto, porque encontrar falha no argumento e no conteúdo é fácil, mas encontrar falhas no pressuposto exige algo mais.
Nunca disse que Maccoby agiu de má fé. Sempre achei que Maccoby teve essa falha, que ele partiu de uma convicção e não de uma pergunta, e por isso, ele não faz as conexões que eu faço, porque eu parto de uma pergunta, eu não tenho medo se a pesquisa mostrar o contrário do que diz a minha fé ou a minha denominação religiosa, o Sr já teve prova disso na lista JH. Muitas vezes postei coisas que não são aceitas pela maioria dos cristãos. Isso nunca foi problema para mim. Se Maccoby não vê ligação entre a Damasco onde foram exilados os Sadoquitas (opositores do sumo sacerdote) e a viagem de Paulo com autorização do sumo sacerdote para prender os “hereges” dessa cidade... se Maccoby não vê ligação entre esses acontecimentos é porque ele está limitado por aquela convicção de que tudo que foi dito sobre Paulo e por Paulo no Novo Testamento não passa de apologia desse “jagunço do sumo sacerdote”. Eu não tenho a mesma convicção de Maccoby, mas eu tenho algum conhecimento de judaísmo, então eu consigo ver as conexões que Maccoby não vê. Eu não acho que Maccoby esteja agindo de má fé, eu apenas acho que a convicção (para não dizer ideologia, já que essa palavra não foi bem aceita) ... então, eu apenas acho que a convicção dele o limita bastante, apesar de reconhecer os grandes conhecimentos que ele tem.
Quanto à resenha, o Sr mesmo a fará, assim será uma resenha imparcial, não terá aquela parcialidade de quem é cristão.
Quanto aos problemas causados pela leitura de Maccoby... quem possui certas informações e consegue fazer certas ligações, chega à conclusão de que há uma falha no pressuposto de Maccoby, apesar do bom estilo do autor. Foi por isso que eu postei as informações que Maccoby não deu, e se não as deu aos seus leitores não foi por má fé, mas porque não viu ligação entre essa informações e aquilo que estava escrevendo.

Aíla não estou querendo polemizar, mas chego à conclusão que o que achei que tinha entendido de suas restrições (omissões de Maccoby) não entendi assim tão claramente como pensava. Ainda estou querendo ver as fontes ebionitas para ter uma visão melhor deste livro do Maccoby e a "destruição" do Maccoby cantada pelo Gildemar numa diatribe contra mim não aconteceu ainda.
Talvez o Sr não tenha desejado polemizar, mas polemizou...
E eu não tenho nada a ver com seu diálogo com o Sr Gildemar. O que eu sei é que eu tive que parar de fazer o que eu estava fazendo para ficar me explicando o tempo todo, coisa que eu não gostaria. Tenho pouco tempo, em breve não poderei postar mais até o final do ano e não vou conseguir concluir o estudo sobre Maccoby como eu esperava. São coisas da vida... as coisas nem sempre saem como planejamos, não é mesmo, mas estou tranqüila com tudo isso, gosto de dialogar, não sou uma enciclopédia ambulante, tenho o maior respeito por vocês dois, apesar de não os conhecer pessoalmente aprendi a ter afeto por ambos.

Espero que você não tenha se ofendido com minha crítica a esta máxima, mas é o que penso, não foi para você embora tenha tudo origem em uma citação sua. Aliás sempre a achei sem sentido e continuo achando. Todos julgamos todos e todo mundo julga o tempo todo. Na vida você está sob constante julgamento. Seria ótimo que sempre o fizéssemos ciente de que nossa trava está liberada.

Não me ofendi em absoluto... apenas mostrei que uma citação fora do contexto causa o efeito contrário. Desconectada do contexto narrativo, a máxima cristã contra a hipocrisia torna-se a máxima mais hipócrita. O Novo Testamento sabe que  todos nós julgamos o tempo todo, mas o mesmo NT diz que se não tivermos consciência de que a trave no nosso olho é maior que o cisco no olho do outro, se não tivermos isso diante de nós seremos hipócritas.

 45 
 : 4:03:08:00:32:13 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Mário
É preciso dizer que não deve ter sido fácil o esforço da Aíla em transcrever partes do livro do Maccoby, e faço questão de mencionar que dediquei parte importante do meu tempo para emitir uma análise cuidadosa dos argumentos apresentados por ela, tendo ficado muito feliz quando vi sua resposta indicando seu interesse em discutir o assunto.
Repito: A tese de Maccoby presente no livro que analisamos, do jeito que a Aíla apresentou, de que Paulo era um prosélito aventureiro que se tornou capanga do Sumo-Sacerdote de Jerusalém, e que depois, por não ter sido promovido por aquele, se bandeou para o lado da Seita dos Nazarenos para angariar fama e renome, não tem nenhuma sustentação. Esse é o resultado de nossa discussão até o momento.
E seu artigo, trata exclusivamente desta tese, deste livro, no qual Maccoby dá indícios da má fé que lhe causou indignação, mesmo assim, em nenhum momento no artigo, você manifestou essa sua indignação, pelo contrário, só admiração, desprezando os resultados da discussão que você mesmo participava e apoiava.

Li com atenção esta sua mensagem e tenho algumas considerações, especialmente para quem não acompanhou todas a discussão sobre Doherty. Eu parabenizo-o pela sua capacidade enorme de reproduzir temporal e detalhadamente todos os apectos principais da discussão. Aliás, você sempre fez muito bem estas reconstruções.

Primeiramente, tenho a dizer que não concordo que as argumentações suas e da Aíla tenham demonstrado cabalmente que a tese de Maccoby é insustentável. Recorrendo às explicações da própria Aíla isto é o que a ideologia de vocês interpreta. Portanto, fica anulada a afirmação de que desprezei aspectos principais da discussão, ainda mais se você considerar que publiquei o artigo enquanto a Aíla se detia exclusivamente em Rm 7. Minha afirmação de indignação, repito se referiu ao episódio de Damasco relatado pela Aíla e reconheço que foi uma provocação para a Aíla apresentar uma crítica mais direta, pois eu estava achando que ela estava pisando em ovos. Já disse isto em outra mensagem no tópico em que estamos tratando, especificamente, da questão da ideologia.

Não me consta que tenha que apresentar qualquer artigo a ser publicado na MPHP para ser antes discutido antes neste Fórum. Portanto, isto nem me ocorreu, embora como já reconheci poderia ter esperado se tivesse me ocorrido esta necessidade. A MPHP é um espaço aberto e tenho alterado posições em funções dos debates e opiniões dos vistantes. Já mudei artigos e até retirei totalmente do ar em função de comentários de visitantes. Portanto, não aceito a colocação de falta de ética que você me acusou em sua mensagem extemporânea, deslocada e raivosa. E mais, o artigo está lá para você comentar e se seus comentários mudarem a minha ideologia sobre o caso eu, naturalmente, poderei rever posições ou caso voce forneça um comentário, substancialmente, coerente poderei incluí-lo como contribuição sua no artigo. Isto, é lógico, se você autorizar. É assim que funciona a MPHP e é assim que ela tem angariado respeito.

Voltando a Doherty eu acho que alguns esclarecimentos precisam ser feitos. É fato que eu revi minha posição, especialmente, para não considerar este  denominado silêncio como qualquer evidência de que Jesus não tenha sequer existido. Foi neste particular que classifiquei a posição de Doherty como ateísta radical. No entanto, isto não quer dizer que nosso debate tenha removido este silêncio como você parece afirmar quando escreveu; " o tal silêncio das cartas do primeiro século, defendido na tese, não é tão retumbante assim, pelo contrário, é um barulho quase ensurdecedor".

O fato é que Paulo e mesmo outros documentos do NT não poderiam desprezar aspectos do homem Jesus e de sua carreira na terra. Se Paulo estava pregando um homem que era Deus, seus seguidores e convertidos iriam demandar por informações sobre a vida deste homem, seus feitos e ditos. Quisesse ou não Paulo teria que que se esforçar para conhecer informações sobre o Jesus terreno. Com certeza, isto seria objeto de discussão entre ele e suas congregações e naturalmente estes detalhes teriam que aparecer em suas cartas. Seus itens da mensagem 1361 são boas sugestões ou razões para  tentar explicar o silêncio e o simples fato de você se dedicar a listá-los mostra também que você não deixa de identificá-lo.

Já que o assunto é Doherty, ele é um autor que gosta de montar diálogos fictícos para facilitar o entendimento de suas teses. Esta é uma boa técnica literária e Ray Kurzweil também a utiliza bastante e com maestria. No Appendix 2 de seu livro, "The Jesus Puzzle", Doherty monta um diálogo intitulado "A conversation between Paul and some new converts" no qual ele mostra como seria impossível Paulo não se referir à vida terrena de Jesus. Pretendo obter autorização de Doherty para publicá-lo em português na MPHP.

Para mim este silêncio de forma alguma é "um barulho quase ensurdecedor".

 46 
 : 2:03:08:15:37:02 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Mário
Olá Todos

Convido a uma reflexão sobre o artigo "A Ética do Companheiro" publicado recentemente na MPHP.


Á Ética do Companheiro

 47 
 : 29:02:08:04:47:44 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por administrador
Ok vamos tentar entender:


A verdade histórica contada pelo opressor é a mesma verdade histórica contada pelo oprimido?
A história do Brasil contada no tempo da ditadura militar é a mesma contada pelos movimentos de libertação nacional? Tiradentes era inimigo da nação e agora é herói. Tiradentes assumiu a culpa de tudo ou os outros "inconfidentes" eram filhinhos de papai?
Existe a verdade histórica totalmente objetiva livre de ideologias?
Bultmann diz que não, que toda aproximação científica é ideológica. Bultmann diz que resta-nos apenas perguntar qual é a ideologia do cientista, do filósofo ou do teólogo? Bultmann apenas nos convida a quando publicar nossas idéias deixemos bem claro ao leitor qual é a nossa ideologia. Porque a ideologia já está presente inclusive na escolha do dado ou tema a ser pesquisado.

Eu acho que seus exemplos no topo desta citação são muito radicais para o caso que estamos analisando. Estamos falando de alguém, um estudiosos do cristianismo, no sec 20 ou 21, relatando o nascedouro desta religião 2000 anos atrás.
Tudo bem que ao se aproximar do tema a ideologia do historiador vai influenciar vários aspectos da abordagem, mas estas diferenças não podem chegar ao ponto provocar um falseamento dos fatos omitindo ou inventando informações a ponto de ser considerado como destruído, pelo Gildemar.

Eu inclusive nunca acusei Maccoby, até brinquei com os "silêncios" dele falando de amnésia ou modestia. Eu apenas quis dizer que para Maccoby certas informações não têm importância, mas para mim que vejo as coisas por outro ângulo essas informações são importantes. Isso significa que cada resultado de uma pesquisa só tem valor quando confrontado com quem tem uma ótica diferente.

Aíla, me desculpe; amnésia ou modestia? Eu entendo que você não quer qualificar como má fé, mas dai a qualificar como amnésia ou modéstia eu não consigo entender qual o receio de apresentar uma crítica mais contundente. Você tem estatura para isto. Eu reitero o pedido para você fazer a resenha deste livro do Maccoby, gostaria muito, mas também gostaria que você desse mais nome aos bois. Se não é má fé é com certeza algo mais do que amnésia ou modéstia.

Eu nunca disse, pelo menos não intencionalmente, que Maccoby omitiu de propósito dados por má fé. Aliás eu sempre elogiei Maccoby, eu sempre reconheci o valor dele e eu disse lá no tópico que eu nunca falei que Maccoby agiu de má fé. O que eu disse é que certas informações são necessárias para que o leitor tenha uma visão mais ampla. Que a visão de Maccoby está restrita ao âmbito de quem ele é como pesquisador, um judeu que tem uma hipótese de que o cristianismo, desde as sua raízes, não depende em nada do judaísmo.

Como alguém, um estudioso do judaísmo, pode encampar esta idéia? E quais os problemas causado por isso que conduziram às suas ponderações sobre o trabalho dele?

Aíla não estou querendo polemizar, mas chego à conclusão que o que achei que tinha entendido de suas restrições (omissões de Maccoby) não entendi assim tão claramente como pensava. Ainda estou querendo ver as fontes ebionitas para ter uma visão melhor deste livro do Maccoby e a "destruição" do Maccoby cantada pelo Gildemar numa diatribe contra mim não aconteceu ainda.

Obviamente quando eu disse que não devemos julgar eu estava usando "uma das máximas mais hipócritas do cristianismo" para evitar de ser hipócrita, pois sou cristã e essa máxima foi escrita para evitar a hipocrisia e não para impedir que tecêssemos considerações sobre alguém. Eu disse que não queria julgar Maccoby (como sendo ele alguém de má fé)  porque me acharia pra lá de hipócrita e injusta ao dizer isso de um autor que eu sempre tive em grande consideração apesar de não concordar com a tese dele. Eu, de fato, não acho que Maccoby tenha agido de má fé. Eu apenas acho que a visão dele é limitada, como reconheço que a minha também é. Eu não perderia tanto tempo e energia com alguém por quem não tenha admiração.

Mt 7:1-5  Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.  Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?  Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.


Espero que você não tenha se ofendido com minha crítica a esta máxima, mas é o que penso, não foi para você embora tenha tudo origem em uma citação sua. Aliás sempre a achei sem sentido e continuo achando. Todos julgamos todos e todo mundo julga o tempo todo. Na vida você está sob constante julgamento. Seria ótimo que sempre o fizessemos ciente de que nossa trava está liberada.


 48 
 : 29:02:08:03:37:03 
Iniciado por administrador - Última Mensagem: por brian_kibuuka
Cara Drª Aíla,

A tradição joanina difere bastante da de Marcos (o que não as invalida).

Pois bem: é a retomada tardia do dito - e num contexto diferente. Engraçado é que a partir deste dito é que Reicke fala do conhecimento dos sinóticos por João.

Aqui, de fato - como foi observado por ti - está: "lúsate tòn naòn toûton". É a segunda pessoa, e "naós" (templo) denota o "sôma", o corpo de Jesus (Jo 2.21).

Perceba que o evocar da tradição da destruição do Templo por Jesus se dá na boca dos judeus (Jo 2.20), o que João refuta (Jo 2.21, usando a adversação). Aqui, um dito dos sinóticos é retomado, para indicar o equívoco dos judeus sobre a reconstrução do Templo. Também para indicar que o Templo não foi reconstruído (ele, quando da publicaçã do Evangelho, já estava destruído), mas que Jesus ressuscitou - e que era deste assunto que Jesus tratava. Ainda é importante afirmar que o texto surge no contexto da "purificação do Templo", indicada como tendo acontecido numa das viagens de Jesus por ocasião da festa, e não como na tradição sinótica: na semana da sua morte. É um distanciamento significativo, que podemos discutir caso queiras, evocando Dodd, Brown e outros autores que lançam propostas interessantes sobre os porquês.

Agora, a outra pergunta.

Acho que não me fiz entender bem: Jesus não desejava tomar o controle do Templo. Ele simplesmente desejava, segundo Marcos, explicitar a verdadeira serventia das negociatas ocorridas no Templo naquela época. A sua acusação é dura: o Templo se transformou em covil ou caverna de salteadores: "spélaion leistôn". O problema não está no Templo. Está nos salteadores. E uma coisa geralmente não se observa: no texto, Jesus está citando a acusação de Jeremias em Jr 7.11.

O que Jesus fez no epísódio foi afirmar a natureza da intenção dos sacerdotes em seu serviço naquele dado momento. De forma alguma ele desqualificou o ofício sacerdotal. Apenas exigiu que os responsáveis pelo Templo o utilizassem como as Escrituras exigiam (Is 56.7), "casa de oração para todos os povos".

Bom, são minhas opiniões.

Abraços,

Brian

 49 
 : 29:02:08:03:07:28 
Iniciado por administrador - Última Mensagem: por Aíla
Oi Sr Brian
Obrigada por responder. Eu gostei muito da análise. Tenho duas perguntas:

1) O evangelho de João retoma a acusação mas atribuindo a Jesus a frase: "Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei" (Jo 2,19). Mas aqui o verbo lúo está na 2a pessoa do plural. Não é Jesus quem destrói. O Sr poderia comentar?

2) Como Jesus tomaria controle do templo se ele não pertence à classe sacerdotal?

Obrigada



 50 
 : 29:02:08:02:35:24 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Aíla
E sem essa de que não devemos julgar para não sermos julgados, pois considero esta uma das máximas mais hipócritas do cristianismo.

Obviamente quando eu disse que não devemos julgar eu estava usando "uma das máximas mais hipócritas do cristianismo" para evitar de ser hipócrita, pois sou cristã e essa máxima foi escrita para evitar a hipocrisia e não para impedir que tecêssemos considerações sobre alguém. Eu disse que não queria julgar Maccoby (como sendo ele alguém de má fé)  porque me acharia pra lá de hipócrita e injusta ao dizer isso de um autor que eu sempre tive em grande consideração apesar de não concordar com a tese dele. Eu, de fato, não acho que Maccoby tenha agido de má fé. Eu apenas acho que a visão dele é limitada, como reconheço que a minha também é. Eu não perderia tanto tempo e energia com alguém por quem não tenha admiração.

Mt 7:1-5  Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.  Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?  Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.

Eu não quero que as pessoas digam que eu estou agindo com má fé, por isso eu não digo o mesmo de ninguém. Eu prefiro olhar para o meu argueiro enquanto ponho uma lupa nas palavras de Maccoby. Ou seja, eu não me sinto melhor que ele, eu apenas não concordo com ele. É isso que diz o texto bíblico e existe vida inteligente dentro do cristianismo e pessoas santas também (não é o meu caso).

Páginas: 1 ... 3 4 [5] 6 7 ... 10

Theme by webtechnica.net