Welcome Guest, please login or register.
Username:
Password:

Notícias: Você que é Visitante ou Membro do Fórum da MPHP Participe do Novo Tópico sobre Submarinos Nucleares: Descomissionamento, A Questão
Páginas: 1 2 [3] 4 5 ... 10
 21 
 : 18:12:08:03:02:28 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Gildemar
Perfeito Aíla,

Concordo com Painter que ficar exclusivamente com as informações fragmentárias sobre Tiago presentes no NT é muito pouco.

No entanto penso, que essas informações fragmentárias não podem ser desprezadas e é preciso encaixá-las com base em tudo o que for levantado.

É claro, lançando fora todo e qualquer preconceito para não incorrer em prejuízo no resultado da pesquisa.

Como já disse, por enquanto tudo ainda está no ar e nada está consolidado com relação à identidade de Tiago. Vamos avançar...

E cadê o resto? Pessoal... você tão chegando? A gente tá precisando de ajuda...  Indeciso Embarassado

 22 
 : 18:12:08:02:12:19 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Aíla
Citação de: Gildemar
A questão da família de Jesus é um bocado complicada e carregada de controvérsias.
Inicialmente eu entendia a oposição da família de Jesus como algo perfeitamente encaixável no critério do constrangimento, hoje começo a avaliar se não houve uma motivação político-teológica, uma oposição entre uma escola de Paulo e uma de Tiago, para introduzi-la nos Evangelhos.

O que o John Painter quer mostrar no início da Part I (Os Evangelhos: Tiago e a Família de Jesus) é que essas passagens soltas, presentes nos evangelhos, sobre a família de Jesus, não nos dá nenhuma informação segura sobre Tiago. A tradição de Tiago tem que ser buscada em outras fontes que não sejam os evangelhos. Painter deseja tirar qualquer idéia preconcebida sobre Tiago resultante de interpretações desses trechos dos evangelhos que ele estudou.
O problema é que os católicos não consideram Tiago porque ele diminuía a figura de Pedro. E os protestantes não consideraram Tiago porque ele teria sido um oponente de Paulo. Ambas as interpretações estão erradas. Tiago, Paulo e Pedro tiveram funções diferentes na igreja primitiva e os três estavam de acordo.


Citação de: Gildemar
Em primeiro lugar não vejo oposição entre Paulo e Tiago.
Embora Paulo advogasse que a salvação era pela fé e não por obras, ele também afirmava que as boas obras existiam para serem praticadas pelos salvos, e exortava os crentes que fossem firmes, constantes e abundantes em toda boa obra, exaltando as obras do espírito e denunciando as obras da carne, ou seja glutonaria, bebedeiras, prostituição, relacionadas com a pureza espiritual judaica.
Da mesma forma, Tiago, não dizia que as obras eram um fim em si mesmas, ele dizia que as obras eram uma declaração de fé viva, pois sem elas a fé seria morta e com fé morta, se pode concluir, com base em Paulo, que não pode haver salvação.

Concordo, vou explicitar mais a coisa:
Paulo fala sobre o jugo da lei, ele usa o termo grego zygós (jugo) porque não há o termo legalismo em grego. Com a expressão jugo da escravidão da lei, Paulo está se referindo ao legalismo em especial, à imposição da circuncisão aos gentios (Cf. Gl 5:1-3). Então, os opositores de Paulo são os judaizantes. Paulo quer orientar os gentios para que não se submetam ao jugo da lei.
Na Carta atribuída a Tiago, escrita por um membro de sua escola, nunca se fala em  jugo da lei, mas sim de érgon, que aparece 15 vezes nessa carta e sempre se refere à práxis de ajuda aos mais necessitados. A escola de Tiago tenta orientar os gentios convertidos ao cristianismo de que a verdadeira religião cristã não é como as religiões do Império Romano que não exigem nenhum compromisso ético.
Então, Paulo e Tiago estão preocupados com a postura dos gentios dentro da comunidade cristã.
Paulo os orienta contra a circuncisão e Tiago os orienta contra a superficialidade de uma religião intimista e subjetivista sem compromisso com os necessitados (Tg 1:27). Tiago e Paulo estão de acordo.


Citação de: Gildemar
Portanto, tudo leva a crer que surgiram duas escolas: (a) uma que pregava observação dos ritos judaicos para salvação; (b) e outra que pregava a salvação a partir apenas de um culto íntimo, sem a necessária conexão com atos práticos. Uma escola elegeu Tiago como seu fundador, a outra escolheu Paulo...  Assim, entendo que não se pode falar de oposição entre as pessoas de Paulo e Tiago, mas certamente se pode falar de oposição entre duas escolas que surgiram a partir de leituras equivocadas daquilo que Paulo escreveu, como já expliquei.

Segundo o que eu expliquei acima, houve uma má interpretação da Carta de Tiago, O autor estava preocupado com os gentios cristãos que vieram de religiões não baseadas numa ética como era a religião judaica. Eles não estavam acostumados a acolher os infelizes. A Carta de Tiago denuncia que os pobres são desprezados, os ricos são bajulados, ninguém dá pão aos famintos e nem veste o que está sem agasalho. Ou seja, os gentios não sabiam da norma judaica “Ame a Deus e ame o irmão”. Eles pensavam que ser cristão não implicava um relacionamento ético com o irmão. Essa postura da Carta de Tiago não tem nada a ver com “pregar observação dos ritos judaicos” . Tiago nunca fala sobre ritos judaicos.
Da mesma forma Paulo nunca defendeu uma religião “como culto íntimo, sem a necessária conexão com atos práticos”. Como foi afirmado Paulo exortava os cristãos a serem “constantes e abundantes em toda boa obra”


Citação de: Gildemar
É no conflito entre essas duas escolas que pode ter surgido a idéia da incredulidade inicial dos irmãos de Jesus e das tensões com sua família, como uma tentativa de enfraquecer a escola que declarou Tiago como seu fundador.

Vamos avançando nas pesquisas e talvez isso se confirme. Por enquanto ainda necessitamos abrir mão de alguns “pré-conceitos” e “pré-juízos” que podem atrapalhar nosso estudo.


Citação de: Gildemar
Mas agora temos uma outra vertente, influenciada por interpretação dos MMM, especificamente a identificação de dois personagens: O Mestre de Justiça e o Iníquo, o primeiro como João Batista, e o segundo como Jesus de Nazaré.

Sobre os Manuscritos do Mar Morto teremos que abrir outro tópico porque é um mundo de literatura e de interpretações modernas sobre essas antigas literaturas.


 23 
 : 16:12:08:20:52:35 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Gildemar
Oi Aíla,

Me parece que a linha do autor é bem tradicional.

A questão da família de Jesus é um bocado complicada e carregada de controvérsias.

Inicialmente eu entendia a oposição da família de Jesus como algo perfeitamente encaixável no critério do constrangimento, hoje começo a avaliar se não houve uma motivação político-teológica, uma oposição entre uma escola de Paulo e uma de Tiago, para introduzí-la nos Evangelhos.

Vamos avaliar...

Em primeiro lugar não vejo oposição entre Paulo e Tiago.

Embora Paulo advogasse que a salvação era pela fé e não por obras, ele também afirmava que as boas obras existiam para serem praticadas pelos salvos, e exortava os crentes que fossem firmes, contantes e abundantes em toda boa obra, exaltando as obras do espírito e denunciando as obras da carne, ou seja glutonaria, bebedeiras, prostituição, relacionadas com a pureza espiritual judaica.

Da mesma forma, Tiago, não dizia que as obras eram um fim em si mesmas, ele dizia que as obras eram uma declaração de fé viva, pois sem elas a fé seria morta e com fé morta, se pode concluir, com base em Paulo, que não pode haver salvação.

Portanto, vejo os dois como os dois lados de uma balança, um advogando contra o exagero de se obrigar todos a serem a mesma coisa, abrindo espaço para o julgamento do outro pela sua aparência, e o outro advogando contra o exagero da licenciosidade, do culto falso das declarações de fé vazias de atos práticos.

Portanto, tudo leva a crer que surgiram duas escolas: (a) uma que pregava observação dos ritos judaicos para salvação; (b) e outra que pregava a salvação a partir apenas de um culto íntimo, sem a necessária conexão com atos práticos. Uma escola elegeu Tiago como seu fundador, a outra escolheu Paulo.

Mas nem Tiago e nem Paulo ensinaram nada disso. Atos 21:17-26, trecho dentro do chamado "We Document", que é a porção considerada por Eisenman e, segundo ele, vários especialistas que ele não nomeia, como a parte autêntica de Atos, um diário de viagem, mostra bem o posicionamento de Tiago e Paulo um em ralação ao outro: (a) Paulo honra Tiago e se preocupa em lhe fornecer relatório de suas atividades; (b) Tiago se alegra com os resultados obtidos por Paulo, confirma o parecer do Concílio de Jerusalém que ele emitiu em relação a salvação dos gentios, fala sobre informes a respeito de Paulo, de que ele rejeitava a Lei e os costumes judaicos, e pede a Paulo que demonstre a falsidade desses informes se santificando e se apresentando ao templo, conforme o costume do povo; (c) Paulo, por sua vez, obedece Tiago, reconhecendo sua liderança.

Em Gálatas, Paulo afirma sua comunhão com Tiago, e resiste a Pedro não por ser zeloso como Tiago, mas por ter sido hipócrita quando ouviu falar da chegada de alguns da parte de Tiago. Na 1ª aos Coríntios, Paulo da testemunho de Tiago, de que ele também participou da visão do ressuscitado e com prioridade em relação aos demais apóstolos e a ele mesmo.

Assim, entendo que não se pode falar de oposição entre as pessoas de Paulo e Tiago, mas certamente se pode falar de oposição entre duas escolas que surgiram a partir de leituras equivocadas daquilo que Paulo escreveu, como já expliquei.

É no conflito entre essas duas escolas que pode ter surgido a idéia da incredulidade inicial dos irmãos de Jesus e das tensões com sua família, como uma tentativa de enfraquecer a escola que declarou Tiago como seu fundador.

Mas agora temos uma outra vertente, influenciada por interpretação dos MMM, especificamente a identificação de dois personagens: O Mestre de Justiça e o Iníquo, o primeiro como João Batista, e o segundo como Jesus de Nazaré, apontada pelo Mário a partir das teses de Thiering, na sua mensagem de 02/09/2008, no tópico "Cenário Sócio-Cultural da Palestina no Sec I".

Bem, o evangelho segundo Lucas identifica João como primo mais velho de Jesus, portanto membro da família, e com direitos hereditários, por linhagem paterna e materna, ao sumo-sacerdócio, se essa identificação, bem como a Thiering, são realmente válidas, temos então conflitos internos no movimento daqueles que guardaram seus escritos em Qumran, a ala inconformista, oposta às elites judaicas da época, onde também se inseria o movimento de Jesus, e então as tensões no seio da família de Jesus passam a ter contornos históricos.

Talvez Jesus tenha sido visto pelos demais partidos dessa ala inconformista, em especial pelos seus familiares, como por demais moderado ou por demais utópico, com sua insistência em aguardar uma intervenção divina que libertaria o povo judeu da opressão imperialista, a qual estaria vinculada à pregação de arrependimento.

Bem, não respondi nada, ficou tudo no ar... vamos em frente...

 24 
 : 16:12:08:19:54:36 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Gildemar
Oi Mário,

Fim do monólogo...   Piscar

Aproveitando o tópico para comentar a posição de Hyam Maccoby sobre o contexto sócio-cultural da Palestina no século I, a partir da tradução que você publicou na MPHP em 3 partes:

Bem, Maccoby, de uma forma geral, nos fornece uma perspectiva muito interessante do cenário político da Palestina nos tempos de Jesus: (a) judaísmo dividido entre partidos; (b) alguns partidos são colaboracionistas, outros são inconformistas; (c) O sumo-sacerdote é indicado pelas forças dominantes estrangeiras e pertence a um dos partidos colaboracionistas, os sadoceus do templo; (d) a ala dos incoformistas está dividida em matizes, dos adeptos à revolta militarista até os radicais à espera da intervenção divina; (e) a figura do Messias é vista conforme o posicionamento de cada partido; (f) para colaboracionistas o Messias era apenas uma fantasia dos radicais incoformistas ou uma idéia ameaçadora ao status quo; (h) para os incoformistas o Messias era um líder militar que tomaria o poder de Roma pela força ou aquele que conduziria o povo ao arrependimento preparando a manifestação da intervenção de Deus; (i) Jesus é um dos líderes da ala inconformista; (j) Jesus acreditava ser o Messias com direito de reinar Israel; (k) Jesus tinha o posicionamento de que o Messias iria preparar a manifestação de Deus; e (l) Jesus rejeitava a idéia de uma revolta militar, não se preparava para isso, ao mesmo tempo, se preocupava em cumprir as Escrituras, planejando suas ações com base nestas, como por exemplo a entrada triunfal durante a Festa dos Tabernáculos, ou ainda o local de acampamento no Monte das Oliveiras, onde aguardou intensamente a manifestação de um milagre.

No entanto, vejo alguns problemas, talvez sob a influência das idéias de Sanders e Eisenman:

1) Não se pode confiar na popularidade dos fariseus com base nos escritos de Josefo. Josefo era fariseu e deve-se avaliar se sua descrição dos fariseus não está carregada de propaganda;

2) O partido dos fariseus não era "despossuído", nem destituído de "posição de poder político", nem também indiferentes e alijados de "reconhecimento dos romanos";

3) O partido dos fariseus indicava o líder do Sinédrio, o Nazi de Israel, os quais eram descendentes de Hillel em sua maioria, como foi Gamaliel, nos tempos de Jesus;

4) A partir dos Manuscritos do Mar Morto, se apresenta outra corrente, esta sim com características populares, afastada das elites, os qumranitas, ou zadoquitas, ou sadoceus contrários ao templo, zelosos, e daí chamados zelotas, como identificavam a si mesmos;

5) Josefo também menciona a ala inconformista. Surgida, segundo, ele na época do nascimento de Jesus. Nela identifica os essênios, pacíficos, aqueles que aguardam o messias e a intervenção de Deus, e os zelotas, terroristas, também chamados sicários, responsáveis por incitarem a revolta que causou a destruição de Jerusalém;

Portanto, no cenário dos tempos de Jesus, os fariseus faziam parte da ala colaboracionista, exatamente conforme o cenário apresentado nos Evangelhos, e certamente apoiaram as ações que culminaram na morte de Jesus, bem como apoiaram a perseguição e o assassinato de membros da ala inconformista, em especial os de maior apelo popular.

Foi somente depois da destruição do templo, e da quase totalidade dos revoltosos, que os fariseus assumiram o status que ficou perpetuado nos escritos de Josefo, o status de representantes populares do judaísmo, guias responsáveis pelos rumos do povo judeu.

Foi somente depois da destruição do templo que o judaísmo esboçou a configuração que tem hoje, a partir do judaísmo rabínico, invenção dos fariseus.

Portanto, com a descoberta dos MMM, se descobriu também que a oposição entre o movimento de Jesus e os fariseus não é anacrônica, reflexo dos conflitos entre a Igreja primitiva e as comunidades rabínicas, como se advogou por muito tempo, não, ela faz parte do cenário político próprio dos tempos de Jesus, a oposição entre colaboracionistas, agarrados às suas posições de poder, bem negociadas e em equilíbrio tênue, e inconformistas, na expectativa do momento em que as estruturas de poder vigentes seriam derrubadas.

No cenário de Maccoby, certamente não cabe um Judas Iscariotes, ele tem que ser uma invenção. Já no outro cenário, influenciado pelos MMM, avaliando Josefo mais propriamente, sem esquecer que ele era um fariseu escrevendo depois da destruição de Jerusalém, o personagem Judas Iscariotes encontra seu lugar próprio.

Mencionei Judas Iscariotes porque ele é o grande emblema da bandeira de Maccoby: a afirmação de que os escritos do NT são carregados de propaganda anti-semita.

A verdade é que os escrito do NT são a manifestação de conflitos internos ao próprio povo judeu, do mesmo tipo que se vê na literatura de Qumran.

E é nesse cenário que se deve ver também outros personagens muito importantes: Tiago, o justo, amado do povo; e Paulo, o fariseu assassino que mudou de lado.

É isso. Por enquanto. Aguardo comentários.

 25 
 : 16:12:08:02:09:04 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Aíla
1. Os Evangelhos: Tiago e a Família de Jesus (p.11-41)

Resumo:

A Família nos Evangelhos:
As fontes mais antigas sobre Tiago são as cartas de Paulo, mas estas pressupõem o conhecimento da relação de Tiago com Jesus.
Paulo, Marco e João não dão ao leitor nenhuma razão para pensar que os chamados irmãos e as irmãs de Jesus sejam outra coisa senão irmãos e irmãs de fato.
Não há nenhuma evidência no Novo Testamento que sejam filhos de José em outro casamento.

O papel da família de Jesus:
O estudo sobre Tiago no Novo Testamento foi atrapalhado por hipóteses que, apesar de serem baseadas em pequenas evidências, tornaram-se inquestionáveis. Por causa de compromissos com a tradição eclesial, a relação precisa entre Jesus e Tiago só se tornou uma preocupação muito depois. No início a atenção foi desviada do significado de Tiago na igreja primitiva.

Alguns pontos que provocaram o desvio da atenção:

- Tiago e os irmãos e irmãs de Jesus não foram seus seguidores durante seu ministério público (Jo 7:3-5; Mc 3:21. 31-35);
- Tiago só se tornou um seguidor de Jesus depois que o ressuscitado apareceu para ele (1Cor 15:7);
- a transição da liderança de Pedro para a de Tiago foi feita necessariamente pela saída forçada de Pedro (At 12:17).

Tiago: seguidor ou oponente?
Enquanto os Sinóticos aparentemente apresentam a família numa relação negativa com Jesus, João (7:5) mostra os irmãos como descrentes. A posição de Tiago geralmente foi construída sobre essas afirmações.  Contudo, a primitiva tradição de Tiago não está fundada nesses textos. Uma autêntica tradição sobre Tiago baseia-se no seu relacionamento com Jesus e na sua piedade. Foi por isso que ele foi escolhido para ser líder na igreja primitiva. Sua lendária piedade está enraizada na narrativa de Flávio Josefo sobre seu martírio.

Agora peço para alguém consultar os textos bíblicos sugeridos pelo autor e que faça um comentário geral do que achou sobre esses textos bíblicos. O que esses textos podem nos informar sobre Tiago e a família de Jesus?

 26 
 : 15:12:08:18:59:58 
Iniciado por Aíla - Última Mensagem: por Aíla
Oi
O propósito deste tópico é estudar sobre Tiago, o irmão de Jesus, tendo em vista uma melhor aproximação do contexto do Jesus histórico e de seus primeiros seguidores. Procuraremos usar as fontes e alguns comentários modernos sobre as fontes. Estou sugerindo alguma bibliografia e vocês podem sugerir outras, desde que sejam estudos sérios sobre as fontes e não romances modernos mirabolantes sobre conspiração, etc.

Bibliografia sobre Tiago (Depois indicarei outros livros)



Author:            Painter, John.
Title:                Just James : the brother of Jesus in history and tradition / John Painter.
Edition:            2nd ed.
Published:       Columbia, S.C. : University of South Carolina Press, 2004.
Description:    399 p.
Series:             Studies on personalities of the New Testament
ISBN:               1570035237
Notes:             Includes bibliographical references (p. 357-371) and indexes.
Subjects:        James, Brother of the Lord, Saint.


Não estranhe o texto em inglês... estou postando o índice do livro para que se tenha uma idéia dos assuntos tratados e do caminho percorrido pela pesquisa do autor.

Table of Contents
Preface to the Second Edition
Prolegomenon
Abbreviations
Just James: The Death of a Legend

Part I: The Gospels, Acts, and the Letters of Paul
1. The Gospels: James and the Family of Jesus
 The Family in the Gospels
 The Role of the Family
 James: Follower or Opponent?
 John: The Family as Followers
 John 2:12: The Faithful Family
 John 7:3-5: The Brothers as Unbelievers?
 John 19:25-27: The Ideal Disciples and the Absence of James
 The Synoptics: The Markan Framework and Its Interpretation by Matthew and Luke
 Mark: A Critique of Disciples and Family
 Mark 3:20-21: Disciples or Family?
 Mark 3:31-35: The Eschatological Family
 Mark 6:3-4: Jesus' Rejection in His Own Country
 Mark 15:40 and Parallels: The Women at the Cross
 Matthew: Nativity and Rejection
 Matt 1:18-25: The Nativity
 Matt 12:46-50: The Eschatological Family
 Matt 13:53-58: The Proverb of Rejection
 Luke: The Idealization of the Family
 Luke 1:26-56: The Role of Mary in Luke's Nativity Story
 Luke 4:16-30: The Rejection at Nazareth
 Luke 8:19-21: The True Family of Jesus

2. Acts: James as Convert or Foundation Leader?
 Acts 1:14: The Role of Jesus' Family in the Earliest Church
 Acts 12:17: The Leadership of James
 The Hebrews and the Hellenists
 Acts 15: James and the Council of Jerusalem
 Acts 21:17-26: James as Leader of the Jerusalem Church
 Acts 21:27-36; 23:12-22: James and the Arrest of Paul

3. The Letters of Paul: Paul and James
 Galatians: The Two Missions in Antioch and Jerusalem
 Gal 1:17-19: Leadership in Jerusalem
 Gal 2:1-10: The Pillars and the Leadership of the Two Missions
 Gal 2:11-14: James and the Dispute at Antioch
 Two Missions, Many Factions
 1 Corinthians: Rivalry between James, Peter, and Paul
 1 Cor 9:5-6: The Role of Wives and Work in the Two Missions
 1 Cor 15:5-8: Rival Appearance Traditions

4. James, Peter, Matthew, and Paul: Diversity and Conflict in the Two Missions
 Peter and James as Opponents of Paul
 Peter and James and the Leadership Question
 Matthew and the Gentile Mission
 B. H. Streeter and the Conflict between the Two Missions
 Matthew and Antioch
 The Law in Matthew
 Matt 5:17-20
 Matthew and Q: Matt 11:12-13
 Matt 28:19-20
 Models of Leadership and Mission

Part II: Images of James in the Early Church
5. Tradition in Eusebius: James the Just, Brother of the Lord, First Bishop and Martyr
 HE 1.12.4-5: Paul on James, according to Eusebius
 HE 1.13.1-22; 2.1.6-7: The Agbar Incident An Interlude?
 HE 2.1.2-5: The Use of Unspecified and Specified Sources
 HE 2.2.2: The Summary Statement
 HE 2.1.3-5: Two quotations from Clement
 HE 2.1.5: Eusebius Appeals to Paul to Clarify the Identity of James
 HE 2.23.1-25: The Martyrdom of James
 HE 2.23.1-3: The Summary by Eusebius
 HE 2.23.3-18: Hegesippus according to Eusebius
 HE 2.23.19: Eusebius's Concluding Summary
 HE 2.23.20: First "Quotation" of Josephus
 HE 2.23.21-24: Josephus and the Martyrdom of James
 HE 2.23.24-25: Final Summary on James and Reference to the Epistle
 HE 3.5.2-3: Summary Statements Concerning James as First Bishop and Martyr
 HE 3.7.7-9; 3.11.1; 3.12.1: The Death of James and the Siege of Jerusalem
 HE 3.7.7-9: The Delay of the Siege
 HE 3.11.1; 3.12.1: After the Siege
 HE 3.19.1-3.20.7: The Family of Jesus until the Reign of Trajan
 HE 3.32.1-6: Symeon in the Time of Trajan
 HE 4.5.1-4: The Traditional List of the Bishops of Jerusalem
 HE 4.22.4: The Jerusalem Succession and the Beginning of Heresy
 HE 7.19.1: The Throne of James
 Conclusion: Eusebius on James

6. The Nag Hammadi Library: James as Successor to Jesus and Repository of Secret Tradition
 The Coptic Gospel of Thomas: Appointed by the Risen Lord
 The Apocryphon of James: James and the Secret Tradition
 The First Apocalypse of James: The Brother of the Lord and the Chain of Succession
 The Second Apocalypse of James: The Revelation Discourse of Jesus to "the Just One"
 Conclusion

7. The Apocrypha and Later Christian Evidence: Bishop of Bishops and Bulwark of Truth
 The Gospel of the Hebrews: The Brother of Jesus as the First Witness
 The Pseudo-Clementines: Bishop of Bishops in the Church of the Hebrews
 The Ascents of James and the Martyrdom Tradition
 The Kerygmata Petrou and the Epistula Petri on Peter, Paul, and James
 The Pseudo-Clementines and Jewish Christianity
 The Protevangelium of James: James the Son of Joseph
 Origen: The Brothers of Jesus and James in Pseudo-Josephus
 Commentary on Matthew X.17
 Contra Celsum 1.47; 2.13
 Conclusions
 The Panarion of Epiphanius: The Royal and Priestly Role of the First Son of Joseph
 Jerome and Helvidius: James as the Cousin or Brother of Jesus
 Conclusion

Part III: James and Jewish Christianity
8. Jewish Christianity, the Righteous Sufferer, and the Epistle of James
 Jewish Christianity
 The Epistle of James
 The Teaching of the Epistle of James
 The Epistle of James and the Jesus Tradition
 James and Paul

9. Jacob Son of Joseph Brother of Jesus
 The Name Jacob
 The Jewish Use of Ossuaries
 The Ossuary and Its "Owner"
 The Inscription
 The Case for Identification
 The Impact of the Announcement
 Ossuaries, Names, and Statistics
 The Importance of the Brother
 The Verdicts of Science
 Accounting for the Inscription
 Accounting for "Front" and "Back"
 The Function of the Inscription
 References to Jacob and the Jacob Ossuary Inscription

10. Jacob Brother of the Lord
 The Western Position
 The Epiphanian Position
 Protevangelium Jacobi
 Manuscripts and Provenance
 English Texts
 Contents
 Implications
 J. B. Lightfoot and the Advocacy of the Epiphanian Position
 Naming the Sisters
 The Throne of Jacob
 The Burial of Jacob
 Just James

Excursus: Robert Eisenman's James the Brother of Jesus
Appendix: Reports and Opinions on the Ossuary
Geological Survey of Israel Dated 9/17/2002
Summary of Israel Antiquities Authority Report
Edward J. Keall for the Royal Ontario Museum, BAR, July/August 2003

Bibliography
Index of Biblical and Ancient Sources
Index of Modern Authors
Index of Subjects

 27 
 : 3:09:08:00:16:46 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Mário
É parece que por enquanto vai  ficar no monólogo mesmo. Então vamos lá ficam registradas as minhas idéias sobre o assunto e que serão levadas para o livro sobre Tiago.

Estas identificações do Mestre da Retidão e do Sacerdote da Iniquidade feitas por renomados estudiosos me soam bastante bizarras e sem fundamento. Especulações de especialistas como Eisenman é que nos incentivam a entrar nesta de escrever sobre O Jesus Histórico. Nós também podemos, porque não?

Sou mais concorde com a opinião de Geza Vermes segundo a qual não se tem elementos para descobrir quem é o Sacerdote da Iniquuidade e a melhor identificação para o Mestre da Retidão seria Jônatas Macabeu. Aliás não sei porque muitos que se dizem conhecedores não gostam de Vermes. Isto me parece aquele mesmo tipo de hipocrisia que fêz com que a crítica literária demorasse a homenagear Somerset Maugham, ele ganhava dinheiro com sua obra e, portanto, não podia ser literatura.

Eu acho que o grande Eisenman compromete seu trabalho ao afirmar que o Mestre da Retidão era Tiago e o Sacerdote da Iniquidade Paulo. Barbara Thiering, em que pese seu excêntrico método de interpretação dos "pesher" de Qumran é uma renomada especialista nos manuscritos e afirmou que João Batista era o Mestre da Retidão e Jesus o Sacerdote da Iniquidade. Talvez o Tarciso, que conhece bem o trabalho de Thiering, possa nos ajudar nesta interpretação.

Segundo o mesmo Vermes, o pesher de Qumran que significa "interpretação", é uma forma de exegese bíblica que busca determinar o significado de um texto profético já existente apontando para o seu encaixe em pessoas e eventos que pertençam à era do intérpetre. A professora Thiering, por outro lado, inverte a seqüência de cabeça para baixo, e alega que os autores do Novo testamento contruíram a história do evangelho de maneira que a técnica pesher pudesse subsequentemente ser ajustada a ele.

Se alguma das identificações acima fosse verdade seria certo encontramos referências mais claras sobre Jesus e Tiago nos MMM.

Será que continua o monólogo?Hein????

 28 
 : 30:08:08:19:35:23 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Mário
Acho que todos que estudam o cristianismo em especial o Jesus Histórico concordam que esta é uma questão crucial e básica para estes estudos.

No entanto, antes de iniciar esta discussão quero focar um pouco numa questão interno do nosso Fórum. Temos tido uma quantidade muito boa de acessos ao Fórum, foram mais de 14.000 em julho e em Agosto deve bater em cerca de 10.000 e temos discussões que já alcançam 3.000 vizualizações. Infelizmente, porém, isto não tem se traduzido em participações e nem em novos membros. No momento, contamos 24 membros. A maioria dos membros que se inscrevem não participam em nenhuma discussão e alguns membros mais antigos também não tem comparecido.

Convoco então Aíla, Gildemar, Brian e Paulo Dias, por exemplo, a participarem das discussões e assim incentivarem os novos, mas se for necessário não hesitarei em ficar apenas em monólogo.

Voltando ao tópico:

Neste cenários existem alguns esquemas, aliás o Gildemar na mensagem #8539 no JesusHistórico indicou um link interessantissimo com um texto de E.P.Sanders sobre isto.

Neste artigo Sanders indica 3 esquemas os quais ele não reconhece nenhum dele como verdadeiro:

Esquema 1: Romanos governavam a Palestina; Os Fariseus controlavam as opiniões religiosas judaicas e determinavam o resultado de qualquer ação legal ou legislativa.
Segundo ele este é um esquema ausente entre os modernos especialistas da questão;

Esquema 2: O mundo de Jesus enfrentava uma severa crise comercial e social que piorava a cada dia. Os Romanos pioravam a situação com taxas adicionais sobre os judeus. Sodados romanos abundavam na Galiléia. Suportam este esquema especialistas como Marcus Borg, Richard Horsley e S. Applebaum.

Esquema 3: Uma visão em frontal contrate com o esquema anterior argumenta que a Galiléia era próspera, urbanizada e cosmopolita e na visão de um dos especialista "A Galileia era o epítome da cultura Helenista". Jesus e seus ouvintes falavam grego, conheciam o teatro grego, estava familizrizados com a filosofia Cínica. Suportam este esquema Richard Batey, John D. Crossan, Gerald Dowing, Howard Kee, Burton Mack, James Strange e muitos outros.

Segundo o prório E.P. Sanders nenhum deste cenários se aproxima da realidade, eles contém alguns poucos acertos, mas muitos erros. Segundo Sanders, os judeus eram fiéis à sua herança e não eram de maneira nenhuma inundados pelas instituições helênicas e costumes pagãos. Alem disto, segundo ele, os judeus da Diáspora seguiam os costumes judaicos, uns poucos compareciam ao teatro e raramente casavam com pagãos e apenas um pequeno número estudava a filosofia grega. Não existia nenhuma evidência de que os judeus na Palestina aceitassem um nível de cultura helenista que os judeus da diáspora evitavam e em contrapartida existe uma grande quantidade de evidência contra: Josefo, Atos e os Evangelhos.

Assim, Sanders se aproximaria de Robert Eisenman sobre a influência Zadoquita sobre Jesus e Tiago e chega aludir sobre a  possibilidade de Tiago ser o Mestre da Retidão da comunidade de Qumram.

Esta é realmente uma questão controversa. No meu estudo sobre Tiago em primeira instãncia estou pesquisando a possibilidade de que Jesus e Tiago tivessem obtido sua formação em Shephoris, aproximando-me do esquema 3.

Acho esta questão de Tiago ser o Mestre da Retidão é incompatível com o fato de que não se encontra referências a Jesus nos documentos da comunidade.

Encomendei recentemente alguns livros sobre estudo arqueológicos em Shephoris e reparei que são de autores identificados por Sanders no esquema 3. Teremos então uma ideologia já definida?

A palavra é dos amigos.

 29 
 : 29:07:08:19:16:39 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Mário
Olá todos

A resenha citada no post anterior já está publicada em:

Horsley, Richard, Paulo é o Império

 30 
 : 28:07:08:01:23:50 
Iniciado por Mário - Última Mensagem: por Mário
Olá Todos
Estamos mais acostumados a ler trabalhos que colocam a opisição de Paulo contra o judaísmo cristão ou judaizantes.

No entanto, existem alguns estudos modernos que pretendem colocar a opisição de Paulo, explicitamente, contra o Império Romano.

Aonde alguns enxergam considerações teológicas outros vêem aspectos políticos de anti-imperialismo romano.

Um dos autores que tem escrito sobre isto e que possui tradução em português é Richard Horsley em seus livros Paulo e o Império: religião e poder na sociedade imperial romana (1997 publicado no Brasil pela IMAGO em 2004) e Paul and the Roman Imperial Order (Harrisburg, Pa.: Trinity Press International, 2004).
As alegações de anti-imperialismo são em diversas cartas principalmente em Romanos, Filipenses e 1 Tessalonicenses.

As análises são complicadas, não muito evidentes e se iniciam na escolha de certos termos gregos. Confesso que muitas não me convenceram, mas o problema pode estar em alguma deficiência minha na filologia destes termos. Pretendo me aprofundar mais neste tema, pois é também tangente à pesquisa que venho fazendo sobre Tiago.

Em breve escreverei uma resenha sobre o primeiro livro citado e vou abordar com mais detalhes. Quem tiver algo a complementar é muito bem-vindo.





Páginas: 1 2 [3] 4 5 ... 10

Theme by webtechnica.net